A experiência de fé da Virgem Maria nos foi transmitida pela Palavra de Deus e pela Tradição da Igreja. O Papa Emérito Bento XVI, na Carta Apostólica Porta Fidei, nos apresenta o exemplo de fé de Nossa Senhora de forma extraordinária. Mas, os santos também nos transmitiram a sua experiência com a fé da Mãe de Deus e da Igreja. Santo Afonso Maria de Ligório expressa a fé de Maria com profundidade, em seu livro “As glórias de Maria”, de forma belíssima. São Luís Maria Grignion de Montfort, no “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, nos mostra como participar da fé de Nossa Senhora.
Bento XVI diz que pela fé, a Virgem Maria acolheu o anúncio do Anjo e acreditou que seria Mãe de Jesus Cristo, Filho de Deus (cf. Lc 1, 38). Na visita a sua prima Isabel, Maria elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava a quantos a Ele se confiavam (cf. Lc 1, 46-55). Com alegria e temor, deu à luz o seu Filho unigênito, mantendo-se virgem (cf. Lc 2, 6-7). Confiando em José, seu esposo, Nossa Senhora levou Jesus para o Egito a fim de salvá-lo da perseguição do rei Herodes (cf. Mt 2, 13-15). “Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota (cf. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (cf. Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. At 1, 14; 2, 1-4)” (PF 13).
Santo Afonso Maria disse que “a fé de Maria excede a de todos os homens e a de todos os Anjos. Em Belém, viu seu Filho no estábulo, e acreditou n’Ele como criador do mundo”. Nossa Senhora viu Jesus fugir de Herodes e nunca duvidou que Ele é o Rei dos reis. Maria viu o Filho de Deus nascer e acreditou que é o Eterno. Ela viu Cristo pobre, sem ter onde reclinar sua cabeça (cf. Mt 8, 20b), e acreditou n’Ele como Senhor do Universo. A Virgem viu o Menino Deus reclinado nas palhas e adorou-O como Onipotente. A Mãe de Deus viu o Menino Jesus, recém-nascido, sem pronunciar palavra alguma, e acreditou que Ele era a Sabedoria Eterna. Ela ouviu o Menino Jesus chorar e reconheceu-O como a Alegria do Paraíso. Nossa Senhora viu Jesus Cristo morrendo, exposto a todos os insultos, pregado na cruz e, embora a fé de todos vacilasse, ela perseverou na fé inabalável de que Ele é Deus.
São Luís Maria diz que, por permissão de Deus, a Virgem Maria “não perdeu a sua fé ao entrar na glória: guardou-a a fim de conservá-la na Igreja militante para os seus mais fiéis servos e servas” (TVD 214). Pela consagração a Nossa Senhora, temos uma fé corajosa, sem indecisões, que nos fará começar e terminar grandes coisas pela causa de Deus e pela salvação das almas. Pela devoção a Santíssima Virgem, teremos uma fé reluzente, que iluminará toda a nossa vida. Esta fé será nosso tesouro escondido da divina Sabedoria, que iluminará os que estão nas trevas e sombras da morte. Esta fé abrasará os que são tíbios e precisam do ouro ardente da caridade, para dar vida aos que estão mortos pelo pecado, para tocar e prostrar, com as palavras doces e poderosas do Altíssimo, os corações mais endurecidos, para resistir ao demônio e a todos os inimigos da salvação.
O Papa Bento XVI confiou o Ano da Fé a Virgem Maria: “À Mãe de Deus, proclamada ‘feliz porque acreditou’ (cf. Lc 1, 45), confiamos este tempo de graça” (PF 15). Confiemos a ela não somente este ano, mas consagremos a ela toda a nossa vida, para participarmos da sua fé inabalável. A exemplo do saudoso Beato, Papa João Paulo II, consagremos a Virgem Maria toda a nossa vida, todo nosso apostolado, toda a nossa história, para que por ela cheguemos a Jesus Cristo e ao Reino dos Céus.
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