Neste domingo o evangelista Lucas nos transporta a uma pequena cidade da Galileia, chamada Nazaré. Ela é tão insignificante que nem sequer aparece no Antigo Testamento e é considerada de tão má fama e desprezada que dela se pergunta: "De Nazaré pode vir algo bom?" (Jo 1,46).
É a essa cidadezinha que Deus envia seu mensageiro para se encontrar com uma jovem, da qual só sabemos que se chama Maria e está prometida em casamento a um homem chamado José!
Por que esse silêncio sobre Maria no evangelho? Talvez para que fique bem manifestada a bondade e gratuidade de Deus, que escolheu uma jovem pobre, do povo, para que fosse a mãe de seu Filho.
Este encontro entre o anjo Gabriel e Maria, que torna possível a entrada do Filho de Deus na humanidade, acontece no anonimato, no silêncio e na pobreza. Sem dúvida, os planos de Deus não seguem as formulações e expectativas humanas.
Nós poderíamos pensar que um evento tão importante teria de ser publicado nos jornais da cidade, acontecido numa grande festa e com convidados especiais que reconhecessem e prestigiassem o que se estava realizando.
Mas não, Deus tem outro modo de agir, vem ao nosso encontro e se faz homem através de uma humilde e desconhecida jovem que mora na periferia da Galileia.
Nós somos capazes de reconhecer a visita de Deus no silêncio, na pobreza? Ou pensamos que Ele só está com os que têm dinheiro, poder ou reconhecimento social?
No diálogo do Anjo com Maria, ela é surpreendida pela saudação do Anjo: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!”, o que deixa claro que a iniciativa é de Deus, é Ele que vai ao encontro desta jovem para propor-lhe ser a mãe do Salvador. Quanta gratuidade e delicadeza de nosso Deus de confiar à Maria seu plano de salvação e esperar sua resposta!
Deus enche o coração daqueles e daquelas que o recebem com a simplicidade de Maria. Faz alguns dias, Papa Francisco deu a conhecer a Exortação Apostólica Pós-Sinodal. Nela somos convidados a renovar a alegria do Evangelho que "enche o coração e a vida inteira dos que se encontram com Jesus. Quem se deixa salvar por Ele é liberto do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo sempre nasce e renasce a alegria”.
Maria parece não compreender como seria isso possível, mas não se fecha, talvez ressoem em seu coração as palavras dos profetas do seu povo, que anunciavam a vinda do Messias: "Digam para a capital de Sião: Veja! Seu salvador está chegando..." (Is 62,11); "A jovem concebeu e dará à luz um filho, e o chamará pelo nome de Emanuel" (Is 7,14b-15).
Sentindo sua pequenez diante do projeto de Deus que se abre diante dela, Maria tem a coragem de perguntar: "Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?".
A resposta do Anjo fala sobre o poder de Deus: é o Espírito Santo quem obrará nela o milagre da encarnação do Filho de Deus. O Deus para quem nada é impossível, está aguardando o consentimento desta jovem mulher.
Deus se fez homem no sim de uma jovem.
E Maria não se faz esperar, confiando plenamente na Promessa de Deus, se faz totalmente disponível: "Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra." E pelo seu sim, Deus se encarna no seu ventre, e se torna pessoa humana!
O Papa Leão Magno dizia: "Jesus foi tão humano, que somente Deus poderia ser humano assim". O Salvador do mundo começou a viver no seio desta humilde mulher de Galileia, porque Deus quis ser um de nós: trabalhar com mãos de homem, pensar com inteligência de homem, obrar com vontade de homem, amar com o coração de homem (cf Gaudium et Spes 22), para que a humanidade vivesse a liberdade de sua plena dignidade, a de ser filha amada de Deus!
Um santo Domingo.
Opus Sanctorum Angelorum
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