O Anjo da Guarda é um dom especial de Deus. Se pudéssemos escolher entre todos os Santos Anjos um protetor e auxiliador especial, não poderíamos encontrar um melhor do que aquele que Deus, na Sua sabedoria e amor infinitos, já antes escolheu para nós. Só Deus conhece o mistério da nossa vida. Somente Ele, nosso criador e redentor, conhece todos os nossos lados fortes e fracos, nossa vocação e nossas provações, nossa cruz e a glória destinada para nós. Prevendo tudo isso, Ele escolheu, desde a eternidade, o nosso Anjo da Guarda - a ele para nós e a nós para ele.
O Senhor nos diz: "Vou enviar um Anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que eu preparei" (Ex 23,20; leitura da festa dos Anjos da Guarda). O Anjo da Guarda é assim para nós a porta ao mundo dos Anjos e, de certo modo, o porteiro do Céu. Sendo ele enviado por Deus para nós, vale em primeiro lugar dele a palavra do catecismo: "Os anjos cooperam para todas as nossas boas obras" (Catecismo da Igreja Católica, 350; cf. Summa Theologiae I,114,3, ad 3). Ele é o nosso melhor e mais fiel amigo, o único que, além de Jesus e Maria, nos acompanha e protege ininterruptamente por toda a nossa vida. Sua primeira solicitude, sua primeira intercessão sempre é para seu protegido. O protegido é o 'talento' que lhe foi confiado e que ele tanto deseja devolver ao Senhor, com 'lucro' cêntuplo, no fim da nossa vida. Deste modo, ele cuida incansavelmente, dia e noite, do nosso bem e da nossa salvação eterna. Infatigavelmente esforça-se pela nossa purificação, iluminação e perfeição. Destas três atividades hierárquicas dos Anjos, São Boaventura escreve: "A purificação produz a paz, a iluminação conduz à verdade e a perfeição realiza a caridade. Estes três atos, freqüentemente praticados, dão a felicidade à alma e, quanto melhor praticados, mais lhe aumentam os méritos" (Os três caminhos ou Incêndio de amor, prólogo 1).
O Anjo da Guarda é o auxílio certo contra os espíritos malignos que nos tentam e afligem, pois já no começo o nosso Anjo da Guarda, sob a guia do Santo Arcanjo Miguel, participou da vitória contra os espíritos malignos. Como espírito pode facilmente reconhecer o tentador e afugentá-lo em virtude da graça. Se, no entanto, Deus permitir ao inimigo peneirar-nos como Jó (1,12; 2,6), como Pedro (Lc 22,31) ou como Paulo (2 Cor 12,7-8), não nos falta, apesar disso, a assistência confortante do Santo Anjo da Guarda. Com sua ajuda somos capazes de sempre manter a fidelidade a Deus.
Quanto devemos ao Anjo da Guarda! Quem seria capaz de lhe pagar um salário devido? Um amor tão fiel somente pode ser correspondido com fidelidade, amor e confiança. Por isso nos entregamos a ele com muito gosto e lhe prometemos nosso amor e fidelidade. Se nós somos fracos, ele, que "contempla sem cessar a face do Pai que está nos Céus" (Mt 18,10), está firme e imutavelmente ancorado em Deus. Esta firmeza ele nos quer proporcionar, ajudando-nos, mediante a luz da graça de que é dotado, a acreditar ainda mais firmemente em Deus, a confiar ainda mais fortemente no Seu auxílio e a amar ainda mais desinteressadamente a Deus e ao próximo.
Por toda a eternidade estaremos unidos em íntima amizade ao Anjo da Guarda e reinaremos com ele no Reino de Deus. Deste modo podemos compreender as palavras de São Tomás de Aquino: "a todo homem, enquanto é viajor, é dado um Anjo da Guarda. Quando, porém, já tiver chegado à meta do caminho, não terá mais um Anjo da Guarda; no entanto, terá no Reino o Anjo reinando com ele" (Summa Theologiae 113, 4c).
opusangelorum.org/pt
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