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Blog Santo Anjo da Guarda

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A vitória de Cristo sobre o espírito do Mal



As nossas catequeses sobre Deus, Criador das coisas "invisíveis", levaram-nos a iluminar e a retemperar a nossa fé no que se refere à verdade acerca do maligno ou satanás, não certamente querido por Deus, sumo Amor e Santidade, cuja Providência sapiente e forte sabe conduzir a nossa existência à vitória sobre o príncipe das trevas. A fé da Igreja, de fato, ensina-nos que o poder de satanás não é infinito. Ele é só uma criatura poderosa enquanto espírito puro, sendo sempre uma criatura, com os limites da criatura, subordinada ao querer e ao domínio de Deus. Se satanás opera no mundo mediante o seu ódio contra Deus e o seu Reino, isto é permitido pela Divina Providência que, com poder e bondade (fortiter et suaviter), dirige a história do homem e do mundo. Se a ação de satanás sem dúvida causa muitos danos - de natureza espiritual e indiretamente também de natureza física - aos indivíduos e à sociedade, ele não está, contudo, em condições de anular a definitiva finalidade para que tendem o homem e toda a criação, o Bem. Ele não pode impedir a edificação do Reino de Deus, no qual se terá, no fim, a plena realização da justiça e do amor do Pai para com as criaturas eternamente "predestinadas" no Filho-Verbo, Jesus Cristo. Podemos mesmo dizer com São Paulo que a obra do maligno concorre para o bem (cf. Rm 8,28) e que serve para edificar a glória dos "eleitos" (cf. 2 Tm 2,10).

Assim toda a história da humanidade se pode considerar em função da salvação total, na qual está inscrita a vitória de Cristo sobre o "príncipe deste mundo" (Jo 12,13; 14,30; 16,11). "Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele prestarás culto" (Lc 4,8), diz peremptoriamente Cristo a satanás. Num momento dramático do seu ministério a quem o acusava de modo imprudente de expulsar os demônios por serem aliados de Belzebu, chefe dos demônios, Jesus responde com aquelas palavras severas e confortantes ao mesmo tempo: "Todo o reino dividido contra si mesmo ficará devastado; e toda a cidade ou casa dividida contra si mesma não poderá subsistir. Ora, se Satanás expulsa Satanás, está dividido contra si mesmo. Como há de subsistir o seu reino? Mas se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demônios, quer dizer, então, que chegou até vós o reino de Deus" (Mt 12,25.26.28). "Quando um homem forte e bem armado guarda o seu palácio, os seus bens estão em segurança; mas se aparece um mais forte e o vence, tira-lhe as armas em que confiava e distribui os seus despojos" (Lc 11,21-22). As palavras pronunciadas por Cristo a propósito do tentador encontram o seu cumprimento histórico na cruz e na ressurreição do Redentor. Como lemos na Carta aos Hebreus, Cristo tornou-se participante da humanidade até a cruz "a fim de destruir, pela Sua morte, aquele que tinha o império da morte, isto é, o Demônio, e libertar aqueles que... estavam toda a vida sujeitos à escravidão" (Hb 2,14-15). Esta é a grande certeza da fé cristã: "O príncipe deste mundo está condenado" (Jo 16,11); "Para isto é que o Filho de Deus se manifestou: 'Para destruir as obras do Demônio' (1 Jo 3,8), como nos afirma São João. Por conseguinte, o Cristo crucificado e ressuscitado revelou-se como o "'mais forte" que venceu "o homem forte", o diabo, e o destronou.

Na vitória de Cristo sobre o diabo participa a Igreja: Cristo, com efeito, deu aos seus discípulos o poder de expulsar os demônios (cf. Mt 10,1 par.; Mc 16,17). A Igreja exerce este poder vitorioso mediante a fé em Cristo e a oração (cf. Mc 9,29; Mt 19s.), que em casos específicos pode assumir a forma do exorcismo.

Nesta fase histórica da vitória de Cristo inscreve-se o anúncio e o inicio da vitória final, a Parusia, a segunda e definitiva vinda de Cristo no termo da história, em direção do qual está projetada a vida do cristão. Embora seja verdade que a história terrena continua a desenrolar-se sob o influxo daquele "espírito que - como diz São Paulo - atua nos rebeldes" (Ef 2,2), os crentes sabem que são chamados a lutar pelo definitivo triunfo do Bem:

"Porque nós não temos de lutar contra a carne e o sangue, mas contra os Principados e Potestades, contra os Dominadores deste mundo tenebroso, contra os Espíritos malignos espalhados pelos ares" (Ef 6,12).

A luta, à medida que se aproxima do seu termo, torna-se, em certo sentido, cada vez mais violenta, como põe em relevo de modo especial o Apocalipse, o último livro do Novo Testamento (cf. Ap 12,7-9). Mas precisamente este livro acentua a certeza que nos é dada por toda a Revelação divina: isto é, que a luta se concluirá com a definitiva vitória do bem. Naquela vitória, pré-contida no mistério pascal de Cristo, cumprir-se-á definitivamente o primeiro anúncio do Livro do Gênese, que é chamado, com termo significativo, proto-evangelho, quando Deus adverte a serpente: "Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher" (Gn 3,15). Naquela fase definitiva, Deus, completando o mistério da sua paterna Providência, "livrará do poder das trevas" aqueles que eternamente "predestinou em Cristo" e "transferi-los-á para o Reino de Seu Filho muito amado" (cf. Cl 1,13-14). Então o Filho sujeitará ao Pai também o universo inteiro, a fim de que "Deus seja tudo em todos" (l Cor 15,28).

Aqui concluem-se as catequeses sobre Deus Criador das "coisas visíveis e invisíveis", unidas na nossa exposição com a verdade acerca da Divina Providência. Torna-se evidente aos olhos do crente que o mistério do princípio do mundo e da história se liga indissoluvelmente ao mistério do termo, no qual a finalidade de toda a criação chega ao seu cumprimento. O Credo, que une tão organicamente tantas verdades, é deveras a catedral harmoniosa da fé.

De maneira progressiva e orgânica podemos admirar estupefatos o grande mistério do intelecto e do amor de Deus, na sua ação criadora, para com o cosmos, para com o homem, para com o mundo dos espíritos puros. Desta ação consideramos a matriz trinitária, a sapiente finalização para a vida do homem, verdadeira "imagem de Deus", por sua vez chamado a reencontrar plenamente a sua dignidade na contemplação da glória de Deus. Fomos iluminados acerca de um dos maiores problemas que inquietam o homem e penetram a sua busca de verdade: o problema do sofrimento e do mal. Na raiz não está uma decisão de Deus errada ou má, mas a sua escolha e, de certo modo, o seu risco, de nos criar livres para nos ter como amigos. Da liberdade nasceu também o mal. Mas Deus não se rende, e com a sua sabedoria transcendente, predestinando-nos para sermos filhos em Cristo, tudo dirige com fortaleza e suavidade, para que o bem não seja vencido pelo mal.

Devemos agora deixar-nos guiar pela Divina Revelação na exploração de outros mistérios da nossa salvação. Entretanto recebemos uma verdade que deve estar a peito a todo o cristão: a de que existem espíritos puros, criaturas de Deus, inicialmente todas boas, e depois, por uma escolha de pecado, separadas irredutivelmente em anjos de luz e anjos de trevas. E enquanto a existência dos anjos maus requer de nós o sentido da vigilância para não cair nas suas tentações, estamos certos de que o vitorioso poder de Cristo Redentor circunda a nossa vida, a fim de que nós próprios sejamos vencedores. Nisto somos validamente ajudados pelos anjos bons, mensageiros do amor de Deus, aos quais nós, ensinados pela tradição da Igreja, dirigimos a nossa oração: "Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, pois a ti me confiou a piedade divina, hoje, sempre, governa-me, rege-me, guarda-me, e ilumina-me. Amém"

© Libreria Editrice Vaticana

Fonte: opusangelorum.org

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