FIDELIDADE QUE SALVA - UMA HISTÓRIA
Caiu a noite depois de um dia cheio de trabalho, e o Padre Eugênio, capelão numa universidade americana, ia arrumando a sua secretaria, à espera da última visita. Henrique, um dos estudantes, devia vir às 19:00 horas e o Padre pensava que depois os dois ainda poderiam ir ver o jogo de futebol, às 20:00 horas no estádio da universidade.
O Henrique passou por um período difícil, mas mesmo que a conversa demorasse mais tempo, pelo menos poderiam ainda ver a parte mais interessante do jogo. O Padre não contou com um atraso. Dezenove horas, e o Henrique não chegava! Vinte horas, nada, e o Padre Eugênio ouvia no estádio começar o jogo com os gritos de entusiasmo dos espectadores. Não estava nada contente. Veio-lhe o pensamento de que tinha bem direito de esquecer o Henrique e ir ao estádio. Mas houve qualquer coisa que lhe dizia para esperar. Talvez chegue ainda.
Depois de mais vinte minutos de inquietação nervosa, o Padre levantou-se, foi buscar o casaco e o chapéu, murmurando: "Para quê ficar aqui à espera todo o tempo? O Henrique deve ter-se esquecido deste encontro. Provavelmente está já na bancada a ver o jogo!" Mas de novo uma voz interior o impediu de sair. Tirou o casaco, lançou-o para uma cadeira e dizia consigo mesmo: "Talvez esteja a chegar".
Do estádio chegavam-lhe aos ouvidos os gritos entusiásticos do público, anunciando que ia começar a segunda parte do jogo, o que ainda mais enervou o bom Padre, que sentia crescer em si uma certa indignação. Que irresponsabilidade e que falta de consideração a deste estudante! Então, pegou de novo no casaco e o cachecol, mas não foi capaz de atravessar a porta, nem sabia explicar a sua forte resistência interior. Não teve outro remédio senão esperar pelo Henrique. Assim ficou, mas sem entender o que se passava nele e donde lhe vinha esta indecisão. "Alguma coisa de anormal se passa comigo", disse a si próprio.
Pouco depois alguém bateu à porta. O Padre Eugênio abriu e lá estava o Henrique com uma pistola na mão e visivelmente perturbado. Antes do Padre poder abrir a boca, o Henrique balbuciou: "Porque é que o Sr. Padre ficou aqui? Porque não foi ao estádio ver o futebol? Porque não me abandonou como fazem todos os outros?" – "Eu não pude ir, porque todas às vezes que o queria fazer, alguma coisa me impedia, como se alguém me dissesse: 'Fica, pois o Henrique ainda vai chegar'! Por isso esperei", respondeu o Padre. "Entra, Henrique, para falarmos e diz-me que problema tens."
O Henrique entrou e deu a pistola ao Padre. A seguir tiveram uma boa conversa, que se prolongou até muito depois de terminado o jogo de futebol. Para o Henrique foi o início da sua cura. Mas quase teria sido o seu fim, pois tinha decidido ver na ausência ou presença do Padre o sinal para se suicidar ou não, o sinal de que a sua vida não tinha ou tinha valor para alguém.
Mais tarde, o Padre Eugênio confessou que naquele tempo não entendera o que se tinha passado, mas que depois se dera conta de que o seu Anjo, sabendo qual a consequência trágica da sua ausência, o tinha advertido para que não se afastasse.
"Ó meu Deus, como Vos estou grato por ter sido fiel àquela inspiração da graça!"
Fonte: cumsanctisangelis.blogspot.com
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