Deus Pai, quando quis nos seus eternos desígnios salvar o mundo que caíra numa situação lastimável por causa do pecado, resolveu começar essa obra de salvação enviando o Seu Filho ao mundo para nascer no seio de uma família, muito embora marcada e predestinada para uma tarefa e missão providencial na História da salvação, e desse modo, santificar toda a realidade humana que constitui a família formada por homem e mulher; portanto, Jesus, o Filho de Deus, concebido pelo Espírito Santo no seio puríssimo da Santíssima Virgem, abençoa pela Sua presença o ambiente familiar.
Nesta santa família, São José era o pai e o chefe, e a ele cabia evidentemente a tarefa de cuidar da manutenção e sustento de sua Santa esposa e do seu Filho adotivo, e para isso desenvolvia a sua atividade de carpinteiro, e desse modo, com o suor do seu rosto garantia o necessário para a vida dos seus.
A esse homem extraordinário, foi revelado em situações críticas, e de modo singular o que devia fazer para proteger o Menino Jesus e sua Mãe. E para isso Deus enviou em várias circunstâncias os celestes mensageiros, os Santos Anjos, para indicar-lhe como proceder. Foi a ele por exemplo, que foi dito pelo Santo Anjo, o nome que devia colocar na criança que iria nascer: "...por-lhe-ás o nome de Jesus...", e também recebeu as orientações necessárias para proteger a vida do Filho quando esta estava ameaçada pela inveja de Herodes. "...Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito...", e mais tarde, quando o perigo desaparece - "levanta-te, toma o menino e volta para a tua pátria. Não vás a Belém, mas a Nazaré."
Com relação a Nossa Senhora, acreditamos juntamente com o bem-aventurado José Maria Escrivá de Balaguer, que no seu livro: "É Cristo que passa", escreve o seguinte sobre a vida de Nossa Senhora: "A quase totalidade dos dias que Nossa Senhora passou na terra decorreram de forma muito parecida a de milhões de outras mulheres, ocupadas em cuidar da família, em educar os filhos, em levar a cabo as tarefas do lar. Maria santifica as coisas mais pequenas, aquelas que muitos consideram erroneamente como intranscedentes e sem valor: o trabalho de cada dia, os pormenores de atenção com as pessoas queridas, as conversas e visitas por motivo de parentesco ou de amizade. Ó bendita normalidade que pode estar repassada de tanto amor a Deus!"
Quantas e quantas vezes, nós, nas nossas ocupações e afazeres de cada dia, jogamos fora grandes quantidades de "ouro em pó" espiritual, pelo fato de não sabermos aproveitar de tudo aquilo que fazemos, que sofremos, das pequenas e grandes ocasiões de sofrimentos ou aborrecimentos que poderíamos oferecer a Deus em união com os merecimentos da Paixão do Seu Filho Jesus Cristo, por meio das mãos imaculadas de Maria Santíssima, e desse modo, todas essas aparentes pequenas coisas tomariam grande valor diante de Deus, redundando para Sua maior gloria, para nossa santificação e o bem do próximo. E toda essa grande realidade do nosso cotidiano pode e deve ser redimensionada para o alto, para cima, para Deus.
E para que isso aconteça, basta que nos unamos mais a Deus por meio de uma vida mais intensa de oração, que vivamos mais conscientemente na Sua santa presença, e que durante o nosso dia, renovemos a nossa entrega a Ele, e tenhamos a intenção firme de tudo fazermos para a Sua maior honra e glória. E nessa tarefa tão importante e preciosa de nossa vida, tem um papel de colaboração singular, a figura do nosso querido Santo Anjo da Guarda, e na medida mesma em que nos abrimos à sua influência ele nos ajudará muitíssimo a fazermos da nossa vida um grande "louvor de glória" ao Senhor de todas as coisas.
"Entre José e a Santíssima Virgem havia carinho santo, espírito de serviço e compreensão. Assim é a família de Jesus: sagrada, santa, exemplar, modelo de virtudes humanas, disposta a cumprir com exatidão a Vontade de Deus. O lar cristão deve ser imitação do lar de Nazaré: um lugar onde Deus caiba plenamente e possa estar no centro do amor entre todos."
Na família cristã, os pais devem ser os primeiros mestres e educadores para Deus, para a Fé, não somente por meio da palavra, mas sobretudo por meio do exemplo, que fala muito alto diante dos filhos, como também diante da comunidade cristã na qual a família está inserida. A exemplo da Sagrada Família, toda família cristã deve ser um lugar de piedade e de oração, onde as coisas de Deus são respeitadas e levadas muito a sério.
Ao pensarem e meditarem nestes fatos da vida da Sagrada Família de Nazaré, podem recordar-se das palavras do Papa Paulo VI, citadas pelo Santo Padre João Paulo II no Documento Familiaris Consortio n. 60 quando diz: "Vocês ensinam às suas crianças as orações do cristão? Preparam os seus filhos de comum acordo com os sacerdotes para os Sacramentos da primeira idade: confissão, comunhão, crisma? Acostumam-nos, se estão doentes a pensar em Cristo que sofre, a invocar a ajuda de Nossa Senhora e dos santos? Recitam o terço em família? Também rezam com os seus filhos, com toda a comunidade doméstica, ao menos de vez em quando? O exemplo que derem de retidão de pensamento e de ação, apoiado em alguma oração em comum, valerá por uma lição de vida, valerá por um ato de culto de mérito singular. Vocês levam desse modo a paz ao interior dos muros domésticos: Lembrem-se de que assim edificam a Igreja."
ORAÇÃO
"Visitai, Senhor, esta casa, e afastai as ciladas do inimigo; nela habitem vossos Santos Anjos, para nos guardar na paz, e a Vossa Benção fique sempre conosco. Por Cristo, nosso Senhor" (Oração das Completas do Domingo depois das I Vésperas).